segunda-feira, 1 de setembro de 2014

AMOR, ÓDIO & PREPOSTO

A indireta, na internet ou na realidade, pode ser necessária, algumas vezes, para evitar que um indivíduo “dê uma direta no olho” do outro que mente descaradamente na sua frente. Tudo isso pode parecer estranho, mas está relacionado ao modo “civilizado” de agir do ser humano.

Eu não sou advogado e imaginava que todos seriam obrigados a falar a verdade em qualquer situação e, especialmente, diante de um juiz. Ingenuidade. Numa audiência na justiça do trabalho, por exemplo, existe a figura do “preposto”, que seria um indivíduo que pode inventar e mentir descaradamente diante das testemunhas, dos advogados e do juiz. Ele, na prática, “não [pode] ser acusado do crime de mentir em juízo (diferentemente do que ocorre com as testemunhas, que são obrigadas a falar a verdade).”*

O preposto, em uma definição (existem debates sobre o tema), seria:

“1) Pessoa que por nomeação, delegação ou incumbência de outra, o proponente, dirige negócio seu ou lhe presta, em caráter permanente, serviço de determinada natureza. 2) Na Justiça do Trabalho o preposto deve ser empregado, de preferência, que exerce cargo de gerente ou qualquer outro de confiança, da empresa, e que tenha conhecimento dos fatos constantes da reclamatória trabalhista, devidamente autorizado a representá-lo junto à Justiça do Trabalho, e cujas declarações obrigarão o proponente (parágrafo 2º do artigo 843 da CLT).” **

A minha intenção, aqui, não é participar de um debate referente aos especialistas da Justiça do Trabalho. Lembrei da figura do preposto por causa da problemática de alguém poder mentir ou dizer a verdade, o que estaria associado ao tema da indireta.

Não sou o único, mas sou objeto de difamações e fofocas. Na maioria das vezes, as pessoas que inventam coisas, como seria característico deste tipo de personalidade, fazem isso escondido, bem longe do “objeto em questão” e ainda desejam comprometer quem estaria ouvindo com a promessa (raramente cumprida) de que aquilo deveria ser um segredo.

Não me importo, na prática, nem com essas pessoas nem com suas mentiras. Agora, algumas vezes, elas insistem em chamar a sua atenção e simplesmente – com base em invenções – contratam advogados e te processam. O interessante aqui, pelo menos no meu caso, é que essas pessoas, antes, te valorizavam bastante na vida delas – como “exs” ou companheiros de trabalho. Depois de anos de elogios e confiança, as mesmas pessoas o consideram “inimigo público número um” e acreditam que podem destruí-lo atingindo no ponto que elas mais valorizam: a questão financeira.

No final, tudo fica muito estranho. O indivíduo ainda sente culpa quando pensa “poxa, como me relacionei com essa (s) pessoa (s) durante tantos anos.” Quando percebe que a premissa de tudo seria baseada em mentiras – que, pelo visto, podem ser usadas legalmente -, tudo piora. O que era péssimo torna-se quase insuportável – do tipo: “eu não quero mais pertencer à humanidade” - quando ainda aparece o interesse financeiro para justiçar todos os atos mais baixos de pessoas que, um dia, te amaram, te admiravam e conviveram tanto tempo com você.

Lembro de algo que, uma vez, ouvi nos corredores dos tribunais: “pode parar tudo porque eu querer descer...” Trata-se, ironicamente, de uma expressão adequada, afinal, ninguém poderia imaginar que o ser humano pudesse descer num nível tão baixo.

Diante de tudo (e para lidar com as contradições da civilização), restaria só apelar para a indireta ou a ironia – o que ainda deve ser feito com cuidado, porque existem câmeras em todos os lugares e as pessoas (elas novamente...) interpretam imagens, elogios e sorrisos da maneira mais “estranha” possível, como se elas, de fato, tivessem o poder de advinhar as intenções de todos.

Em outras palavras, por problemas de consciência, algumas pessoas se sentem atingidas por indiretas que não eram para elas e, com base na construção de "fantasias mentais" próprias, também passam a odiá-lo "eternamente". Esquecem, porém, que o amor e o ódio seriam extremos de uma mesma moeda que só seria utilizada quando algo definitivamente mal resolvido aparecesse em cena.

Odeio admitir, mas certas pessoas amam me odiar e me "dão vida" em situações que eu preferia não existir (nem mesmo como objeto de retórica).

(*) http://www.centralpratica.com.br/eventosr/sp/jan11/e_at_prep_sp.html

(**) http://www.jusbrasil.com.br/topicos/297802/preposto

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