sábado, 27 de setembro de 2014

V MAS NÃO DE VENDETTA


Uma criança associa, inicialmente, o amor aos pais, aos familiares e aos amigos. Ela, depois, aprende que existe uma relação diferente, pela qual chama de namoro. Nesta fase, não parece agradável descobrir que os beijos “de verdade” teriam o contato das línguas dos envolvidos. O pior, posteriormente (quando a história da cegonha deixou de fazer sentido), seria descobrir que existiriam “beijos” ainda nos órgãos sexuais.
Uma afirmação pode ser problematizada neste contexto:
. uma amiga gay, recentemente, disse que se uma vagina não fosse totalmente depilada, isso seria um sinal de falta de higiene.
1. Ela, muito provavelmente, estava vendo a vagina como um lugar para beijar, colocar a boca (por causa de sua opção sexual).
2. Não via a vagina como um órgão que seria parte do sistema reprodutor da mulher (portanto, a sua função primordial não seria “receber beijos”).
A mulher (como animal) possui pelos. Antes da função estética, os pelos fazem parte da dinâmica de preservação e proteção do próprio corpo. Como fêmea, ela possui menos pelos do que o homem.
Trata-se de uma percepção cultural associar o excesso de pelos à higiene. Em cada época, aliás, é aceita uma forma específica do corpo como objeto de desejo valorizado na sociedade.
No caso da mulher, nas últimas décadas, houve o tempo em que eram valorizadas as curvas e as mulheres mais “cheias”.
Depois veio a ênfase do estilo modelo “cabide”, ou seja, o elogio da mulher bem magra.
Neste período, foi criticado bastante o “heroin chic” (década de 1990) porque resultaria em doenças graves como anorexia e bulimia. Era confirma, aqui, a terrível pressão contra as mulheres no sentido de perder peso.
Além da associação com o consumo de drogas e uma visão niilista da vida, o “heroin chic” estava associado ainda ao incentivo da androginia (que pode ser associada ao  exemplo do início deste texto).
A questão, basicamente, estaria além do debate entre o que seria “natural” e o que seria “social”. O problema seria a criação de doenças e sofrimentos em função de regras inventadas na sociedade que não teriam como objetivo contribuir com o bem estar da pessoa (ao contrário, a meta, por exemplo, nos modismos, quase sempre, é vender e produzir lucro para uma minoria).

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