sexta-feira, 5 de agosto de 2011

AMOR & VIOLÊNCIA

Na Grécia Antiga, era permitido e até considerado honroso o amor que existia entre um homem e um rapaz. Havia leis para "proteger as crianças:

. contra adultos que durante certo tempo, pelo menos, não terão o direito de entrar nas escolas,

. contra os escravos que ficam sujeitos à morte se procuram corrompê-las,

. contra pais ou tutores que são punidos se as prostituem." (Michel Foucault, O Uso dos Prazeres, p. 192)

Entretanto, essas leis não "proibiam que um adolescente seja aos olhos de todos o parceiro sexual de um homem." (p. 192) Quando o jovem tornava-se adulto, não seria aceito que ele continuasse a ser objeto de prazer (numa posição passiva) de outro homem, pois ele deveria assumir funções políticas:

"Quando, no jogo das relações de prazer, desempenha-se o papel do dominado, não se poderia ocupar, de maneira válida, o lugar de dominante no jogo da atividade cívica e política." (Michel Foucault, O Uso dos Prazeres, p. 192)

Em suma, seriam diferentes, na Grécia Antiga, os papéis que poderiam ser desempenhados no sexo e na vida política.

Na sociedade moderna, houve mudanças. O honroso seria o amor que existiria entre um homem e um mulher, que passou a ser aceito como natural. Até recentemente, o Baile de Debutantes representava o símbolo que iniciaria uma mulher na vida adulta, a passagem de "menina" à "moça" aos 15 anos de  idade.

Hoje em dia, esse tipo de ritual perdeu a sua importância. Prevalece uma lei que define a maioridade, normalmente, quando a pessoa faz 18 anos.

Classificar um indivíduo como criança ou adulto significa definir aquele que é "dependente", que precisa de cuidados, e o outro, "independente" e, assim, responsável pelos seus atos.

O conflito social, portanto, seria aceito entre adultos. Por outro lado, na sociedade moderna, a pedofilia seria vista com indignação, na medida em que ela romperia uma regra que seria considerada básica pelos seres humanos.

A violência sofrida pela criança não é só sexual. Existe uma violência emocional, feita principalmente pelos pais, que gera traumas e problemas para a vida adulta.

Se é difícil identificar a violência sexual contra uma criança, a violência emocional acontece quase como uma "violência invisível" na medida em que não deixa marcas no corpo. Ela pode reforçar no indivíduo, posteriormente, o surgimento da depressão, que ainda hoje é considerada uma  uma "doença invisível".

Muitas vezes, na sociedade moderna, o indivíduo que passa pelos dois processos - a "violência invisível" e a "doença invisível" - é apresentado, pelos outros, como "anormal" ou "louco". São reforçados o sofrimento e a solidão daquela pessoa. O pior é que os outros, considerados "normais", não têm consciência da violência que comentem. Assim, fica muito fácil colocar na vítima a culpa por sua dor. Infelizmente, é o que quase sempre acontece. Infelizmente.

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