sábado, 6 de agosto de 2011

TRANSFERÊNCIA DE CULPA

Freud afirmava que para entender a vida de um adulto seria necessário retornar a sua infância.


Como, neste sentido, uma criança de 5 ou 7 anos poderia compreender o significado do conceito de pecado na década de 1960?


Sim, falo da minha infância, das oportunidades que perdi por acreditar que estaria fazendo algo errado.


Lembro-me de estar brincando com uma menina da minha idade e havia um clima de "sexualidade", mas me sentia culpado pois havia uma imagem da Santa Ceia de Leonardo da Vinci no quarto. Acreditava que estava pecando e, mais do que isso, que, por causa da imagem, estava sendo vigiado.




Em outras palavras, antes de descobrir o sexo, já tinham me convencido de que tratava-se de uma coisa errada.


Provavelmente, a religião não tenha mais uma influência significativa na formação das crianças. Entretanto, ainda existe o papel dos pais na formação delas. Aqui, após a década de 1990, apareceram novos problemas: pai e mãe trabalham e os filhos são deixados em creches e escolinhas; algumas mães acreditaram na "produção independente" (ou seja, que as crianças não precisariam da figura do pai) e, com o aumento no número de divórcios, muitas mães passaram a usar os filhos para brigar com os ex-maridos. 


O problema é que tudo foi feito sem se preocupar com o ponto de vista das crianças. O resultado está aí, como ocorre com o excesso de consumo de bebidas alcoólicas e drogas entre os adolescentes ou com o aumento da violência e da prisão dos indivíduos entre 15 e 25 anos. O interessante é perceber que os educadores aparecem nos meios de comunicação de massa e apontam a culpa para os próprios jovens, sem avaliar adequadamente em que contexto social eles foram formados. 


Trata-se de um jogo maquiavélico: os filhos são vistos como culpados pelos pais ausentes, que contam com o apoio de várias instituições da sociedade. Seria quase como uma aliança dos "adultos" contra as crianças e adolescentes... 


Por quê? Culpa. No fundo, eles sabem que falharam na educação dos filhos. 


Por isso, aliás, existe uma transferência de culpa. A vítima torna-se, como numa mágica, o rebelde sem causa, o drogado ingrato, o filho que não reconheceu tudo o que os pais e a sociedade fizeram por ele... P.o.r. f.a.v.o.r. !! 

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