terça-feira, 30 de agosto de 2011

MECANISMOS DE DEFESA


2011© profelipe /\ http://flertar.blogspot.com/ \/ 


Jung e John D. Biroc se distanciam de Freud quando apresentam argumentos contra o princípio da causalidade para a terapia. A mente humana seria muito complexa e as relações sociais num mundo civilizado só complicariam ainda mais esse processo.


Apesar de considerar razoáveis as críticas de Jung e Biroc, não acredito que elas sejam suficientes para descartar a causalidade na análise do desenvolvimento do indivíduo e da sociedade.


Mas... e daí?


As pessoas gostam de afirmar que o indivíduo só presta atenção em algo quando ele é atingido no bolso. Penso diferente. O interesse desse indivíduo só é despertado quando algo afeta o seu corpo.


Como isso acontece?


Tentar enganar a si mesmo é transferir um problema da mente para o corpo. Por exemplo, a falta de apetite de uma pessoa pode estar associada a ansiedade de um evento importante que ela planejou.


Freud afirma que os indivíduos utilizam alguns mecanismos de defesa para tentar fugir da verdade:


. "a repressão (banimento da consciência),
. a projeção (atribuição a outra pessoa de um aspecto indesejável de si),
. a racionalização (intervenção de explicações falsas para as próprias motivações),
. a clivagem (adoção de atitudes ou sentimentos contraditórios em compartimentos separados de percepção),
. defesas maníacas (modos de negar sentimentos de depressão) e muitas outras variações sutis desses temas." (Phil Mollon, O Inconsciente, p. 16-17)


Acredito que a maioria use sobretudo os dois primeiros mecanismos: a repressão e a projeção. É comum a pessoa querer banir da consciência algo desagradável, ou seja, ela quer esquecer algo ruim. Para isso, ela pode, por exemplo, beber em excesso numa festa. 


Transferir um defeito seu para o outro também não é raro. A pessoa consegue ver o erro no outro mas não consegue percebê-lo nela própria. É mais fácil observar a vida do vizinho do que olhar para dentro de sua casa.


Essas fugas funcionam durante algum tempo. Como no exemplo da bebida, uma hora o efeito passa e é necessário encarar a realidade. Ou não. A pessoa pode beber mais e assim por diante. Mas chegará uma hora que aquela fuga terá um fim. Ela precisaria de uma espécie de gatilho para "acordar para a vida". Em outras palavras, precisaria que ocorresse algo realmente trágico para poder avaliar que estava se enganando durante todo o tempo e que, afinal, o problema não estava no outro mas sim nela mesma.

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