sábado, 6 de agosto de 2011

VIVER OU ASSISTIR TELEVISÃO ?

Uma vez a minha médica me perguntou se as 200 mg de Zoloft não atrapalhavam o meu orgasmo, pois outros pacientes tinham reclamado dos efeitos colaterais. Como diz Lu Gomes:  


"Certo, o Prozac inibe o orgasmo..." (Playboy, Agosto 2002, p. 132)


... mas, e daí ? 


No ano passado, em outro artigo, escrevi:


"Num episódio de 'Sex and The City', Carrie apresenta um rapaz a Charlotte, dizendo que ficou com ele e que seu defeito era que, do ponto de vista sexual, ele era uma maníaco. Em seguida, Charlotte se envolveu com o rapaz, mas, para a sua decepção, não demonstrava interesse por sexo. Questionado por Charlotte, ele afirma que não era uma cara muito sexual. Ela conta o que ouviu de Carrie. Em resposta, ele afirma que aquilo era o passado, que depois que começou a tomar Prozac a sua vida mudou e ele encontrou a tranqüilidade, que nada o abalava mais.
Essa história possui um fundo de verdade. Um dos efeitos colaterais dos modernos antidepressivos é justamente afetar a vida sexual do indivíduo. Não causa impotência, mas pode inibir a ejaculação ou, parece que em alguns casos, torna as pessoas menos sexuais. Contudo, muitos pacientes - como o da história - não se importam com estes efeitos, afinal, deixam de sentir a depressão. Isso contradiz a velha associação de Freud entre eros (sexo) e vida - que entraria em contradição, em cada pessoa, com o instinto de morte."


A escolha, no final, seria pelo bem-estar. Sexo é bom, mas a tranqüilidade seria mais importante ?


Nem todos pensam assim. Existem aqueles que não abandonam as bebidas alcoólicas, as drogas ou o sexo por uma vida mais saudável e feliz.


Preferem viver intensamente. 


Esse tipo de postura voltou ao noticiário com a morte de Amy Winehouse, quando foram lembrados os casos de Jim Morrison, Jimi Hendrix, Brian Jones e Janis Joplin - ela, por sinal, resumia a sua opção:


"Só quero ter bons momentos. Eu quero tirar o que há de melhor em tudo e isto é o que tenho. Cara, eu prefiro viver dez anos na maior agitação do que viver 70 sentada numa maldita caldeira assistindo televisão. Agora é onde você está, como pode esperar?" (Rock Espetacular, p. 116)




Boa pergunta. Viver intensamente significa morrer cedo ? Não necessariamente. Penso, para citar uma celebridade do rock, em Keith Richards e sua vida de excessos. 67 anos e ainda está por aí. Lançou a sua biografia "Life" no ano passado.




Imagino que não seria possível ter uma vida longa sem admitir alguns recuos estratégicos. Alguns diriam que a sorte também ajuda. Existiria ainda uma predisposição genética ao suicídio.




Enfim, não seria um único fator que determinaria se a vida de alguém seria longa ou não, nem se seria tranqüila ou prazerosa. Entre as infinitas opções, a questão é saber viver o momento
aqui e o agora ( John D. Biroc). O resto seria apenas um detalhe...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.