sábado, 6 de agosto de 2011

A crise dos 50tões

Apesar de não dar aulas faz uns 3 anos, ainda sou reconhecido, pelos mais velhos, nos bares, como "o professor". Acho justo. Digo mais velhos, pois muitos dos meus alunos tornaram-se professores.
Quando encontro os (bem) mais jovens, os ingênuos - e normalmente mais alcoolizados - perguntam em que irei me formar... Justo? Nem pergunte...
Eu imaginava que não viveria mais de 30 anos e que o ano 2000 era um algo distante,  muito distante... Errei. Tenho 50 anos e estou vivo em 2011.
Formei em História e Estudos Sociais (...respondendo aos curiosos do bar...), fiz Especialização em Filosofia, Mestrado em História (UFF-RJ) e Doutorado em História (PUC_SP). Estudei inglês, francês e alemão. Posteriormente, visitei alguns países na Europa. Dei aulas em dois centros universitários. Publiquei seis livros. Casei. Divorciei. Como diz o Hugh Hefner: "namorei garotas de 20 anos... e ainda namoro garotas de 20 anos."
Trata-se de um caminho que poderia ter sido feito por qualquer pessoa. Entretanto, existiram outras possibilidades. Uma comum foi aquela de ter e criar filhos. O divórcio foi também uma opção da maioria. Muitos gostariam de ter ficado ricos. Poucos ficaram. Outros acreditaram que ficaram ou que um dia ainda serão milionários...
Isso leva uma pergunta: é legítimo sonhar com 50 anos? Acreditar em tudo com 15 anos é uma coisa, mas isso seria válido após meio século de experiências (ou de fracassos)?
Uma amiga definiu o momento atual como "a crise dos 50tões". Perfeito. Seria melhor se eu não estivesse no meio dela. Mas, claro, não se pode ter tudo.
Vi, recentemente, alguém falar, na televisão, sobre um projeto para a terceira idade, que tornaria a fase da velhice "menos infeliz". Quer dizer, nem ideologicamente dá para disfarçar que ser velho representa ter problemas.
Com 50 anos, você tem opções. Existem várias crises, é só escolher uma ou várias. E as soluções?
Qualquer coisa que você faz, depois dos 50 anos, parece ridículo aos olhos da maioria, como são os casos dos homens que pintam os cabelos ou das mulheres com silicones e botox. Se tiver filhos ou netos, será criticado por suas ações por não serem adequadas a uma pessoa "daquela idade".
O divórcio, apesar de ser uma realidade para a maioria, ainda é um problema na formação dos filhos. A figura da "produção independente" é, hoje em dia, questionada, afinal, quem seria o pai da criança?
Religião. Eu tive a minha fase religiosa entre os 16 e 17 anos. Na época, os meus amigos não entendiam a minha crença. Atualmente, não freqüento igrejas e eles, com 50 anos ou mais, tornaram-se adeptos daquela crença.
Isso me lembra algo que ouvi certa vez: 
"a maioria torna-se religiosa na velhice, pois sobraria só o 'bagaço' mesmo..."
Apesar de certas críticas, a maioria aceita com razoável a pessoa tornar-se religiosa com a passar dos anos e a aproximação da morte.
Morte. Esse é o problema para quem tem 50 anos. O indivíduo já não é aceito pela maioria, mas não está suficientemente velho para morrer ! Não serve para o trabalho, para o sexo, mas não pode morrer ?!? Não. Deve viver ainda mais uns 30 anos de rejeições humilhações... Exagero? Talvez... Talvez...

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