segunda-feira, 1 de agosto de 2011

SADOMASOQUISMO: PRAZER E DOR


Obs.: Quando acho necessário, faço as citações na língua original. O leitor, diante da tela do computador, basta dar um "click" e abrir o tradutor do Google, que colocará o trecho em português. É simples, rápido e não compromete a leitura do artigo.

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É interessante como um indivíduo que foge da psicoterapia, ou seja, não deseja conhecer nem revelar o seu verdadeiro "eu", sente prazer em se expor em práticas sadomasoquistas.

Produzir dor é interpretado (por Marquês de Sade) como uma "arte". Sexo - com ou sem dor - seria a realização da vontade da natureza:

"Voluptuaries of all ages, of every sex, it is to you only that I offer this work; nourish yourselves upon principles: they favor your passions, and these passions, whereof coldly insipide moralists put you in fear, are naught but the means Nature employs to bring man to the ends she describes to him."

Essa é a  introdução de "Philosphy in Bedroom", escrita por Sade em 1795. O livro é dedicado aos "voluptuaries" de todas as idades, sem distinção de sexo. Os "moralists" são criticados por colocar medo nas pessoas quando elas desejam realizar as paixões que são proporcionadas pela natureza.

Em 2011, a paixão sexual ainda é censurada pelos moralistas. Nada mudou entre 1795 e 2011?

Houve mudanças, claro. Entretanto, muitas pessoas ainda são formadas a partir dos princípios religiosos e moralistas. A principal diferença é que, atualmente, existe mais liberdade no sentido da realização dos desejos.

Os moralistas contam com o processo da "culpa" para inibir o prazer sexual. Esquecem que os envolvidos numa paixão amorosa podem utilizar a "culpa" como mecanismo para excitar ainda mais o ato "pecaminoso".

Provavelmente, a "culpa" desempenha um papel fundamental nas práticas sadomasoquistas. O uso de vários acessórios - máscaras, chicotes, entre outros - pode confirmar esta premissa.

Confesso que ainda tenho dificuldade de compreender o sadomasoquismo (S/M). Numa entrevista em 1982, Michel Foucault (Dit et Ecrits, p. 1556-1557) tratou do tema:

"L'idée que le S/M est lié à une violence profonde, que sa pratique est un moyen de libérer cette violence, de donner libre cours à l'agression est une idée stupide. Nous avons trés bien que ce que ses gens font n'est pas agressif; qu'ils inventent de nouvelles possibilités de plaisir en utilisant certes parties bizarres de leurs corps - en érotisant ce corps."

Assim, Michel Foucault não associava o S/M "com uma violência profunda". Na sua opinião, as práticas sadomasoquistas estabeleciam "novas possibilidades de prazer". Será ?

Ainda acredito que Sade estava correto quando afirmava que sexo e paixão eram naturais. O problema estaria na associação entre prazer e dor. Isso colocaria em risco a própria relação sexual e os instintos apresentados pela natureza. Talvez essa seja uma opinião conservadora, mas é assim que penso atualmente.

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