segunda-feira, 3 de novembro de 2014

FOFOCAS, BANALIDADES E MÉTODOS

Gostar de fofocas não é um erro. Acreditar nelas pode ser desastroso.
Desde sempre, de qualquer maneira, todo mundo fala de todo mundo. Não dá para levar a sério, claro. Pode ser divertido ou não.
Ser objeto (das fofocas) é outro problema – e que não será tratado aqui.
O que importa é saber (já que resolveu ouvir “aqueles segredos”) o que poderia ser verdade ou não.
Existe um método para isso. É uma mistura de análise de conteúdo com algumas técnicas de tortura (rsrs).
Os torturadores quando prendem mais de dois suspeitos costumam colocá-los em salas separadas e, claro, procuram monitorá-los ao mesmo tempo durante os interrogatórios.
Várias perguntas, várias mentiras, mais torturas, mas invenções e assim por diante.
A questão é que, em algum momento (depois de muita dor), os torturados, no universo de bobagens que conseguem inventar, “soltam” um ou outro fato verdadeiro. Aqui está a chave.
Se eles são monitorados ao mesmo tempo, quando aparece “algo em comum e diferente” no universo das mentiras, claro, trata-se de uma pista importante e que merece ser pesquisada (infelizmente, no exemplo citado, com mais e piores torturas).
Acontece algo parecido com as fofocas.
Não é relevante ouvir a mesma invenção contada por diversas pessoas em momentos diferentes. Isso foi feito de propósito e só os ingênuos acreditam no que, de fato, são boatos.
O que importa, ao ouvir tudo que todos comentam em diferentes momentos e lugares, é identificar dois ou três eixos que, indiretamente, aparecem nas histórias (quase que espontaneamente).
Isso acontece porque o boato para ganhar alguma veracidade, obviamente, precisa conter algo verdadeiro. Em outras palavras, inventar algo que o Pelé teria dito ou feito, com certeza, deveria aparecer na história, por exemplo, algo associado às loiras (ele namorou a Xuxa quando a apresentadora tinha 18 anos).
Voltando ao tal “método”.
O foco nos dois ou três eixos (diante do universo de mentiras contadas) permite identificar o perfil da pessoa em questão (ou parte do perfil). Sabendo quem realmente é a tal pessoa, fica mais fácil lidar com ela e não cair nas armadilhas e ilusões que eventualmente ela possa criar.
Outro exemplo. Muitas pessoas falam (até hoje) horrores a meu respeito. Inventam histórias. Constroem lendas. De alguma maneira, essas fofocas chegam a mim (talvez seja esse mesmo o objetivo).
Normalmente, um amigo preocupado vem me perguntar se realmente seria verdade a história que fiz “um striptease numa rave com mais de 2.000 pessoas em São Paulo”.
O tal amigo, primeiro, deseja me incomodar. Essa é a sua intenção inicial: gerar um mal estar no meu cotidiano (principalmente se ele perceber que estou feliz).
Em segundo lugar, o tal amigo precisa saber se a história seria verdadeira ou não, afinal, aquilo seria um divisor de águas, ou seja, ele não poderia ser associado a um sujeito que fez “um striptease numa rave com mais de 2.000 pessoas em São Paulo”.
Eu nunca fiz striptease (só para constar). Portanto, tal fofoca seria irrelevante no universo de mentiras que contam a meu respeito.
Agora, se o tal amigo que saber mais e “montar a minha ficha”, saberá mais e mais histórias e, se for esperto, poderá identificar os tais dois ou três eixos e, assim, percebendo o meu verdadeiro perfil, claro, poderá decidir se eu seria digno ou não de sua amizade.

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