domingo, 2 de novembro de 2014

RELIGIÃO, AMEAÇA E FUTURO

Tive uma fase religiosa importante entre 1976 e 1978. 
Respeito as religiões embora não concorde com várias teorias. 
Faz parte, nesta forma de conhecimento, tratar do futuro. Ele aparece, na prática, como uma garantia do comportamento adequado das pessoas no presente.
O processo é simples: errar no presente significa pagar (caro) no futuro.
A ameaça de um futuro sombrio (e eterno) funciona na maioria dos casos.
Acredita quem quer.
O futuro (não só nas religiões) é um mecanismo fundamental para gerar riquezas e bens materiais para algumas pessoas no presente (os líderes, obviamente).
O futuro não existe. O passado é recuperado para compreender (ou para não viver) o presente.
O que existe é o aqui e o agora.
É uma demonstração de insegurança tanto fazer ameaça como acreditar nela. Uma ameaça (o nome diz) é só uma ameaça. Não é um fato.
Dizer, por exemplo, que destruirá o outro é um discurso. Se quem ameaça tivesse tal poder, não falaria, destruiria e pronto (isso vale desde brigas de gangues até ameaças na política ou na religião).
No conhecimento teológico, o problema é mais complicado no que diz respeito ao futuro. A questão é por que a pessoa deixa de viver o aqui e o agora para gastar o seu tempo em querer saber como será o futuro. Ela perde a vida real (que não repete) em nome de algo que não existe.
O problema não está no futuro. Ele está na escolha da pessoa que deixa de viver o presente, o cotidiano. Essa escolha não acontece por acaso. Normalmente a pessoa deseja fugir da realidade. Não quer ver, não quer sentir, não quer saber do que acontece ao seu redor no aqui e no agora. Não dá conta de lidar com a complexidade do cotidiano e, então, escolhe a ilusão. Karl Marx estava correto ao dizer que “a religião seria o ópio do povo”.

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