sábado, 23 de julho de 2011

DEPRESSÃO

A psicóloga da minha irmã afirmou que, quando tenho crise de depressão, uso a tela do computador como uma janela para o mundo, pois fico isolado e evito o contato com as pessoas. Não deveria admitir, mas trata-se de uma frase interessante. Aos que questionam sobre "a psicóloga da minha irmã", esclareço que, claro, eu mesmo fiz psicoterapia por anos - exatamente entre 1995 e 2009. Atualmente, tomo somente anti-depressivo. Estou com esta médica desde 2000. O médico da minha adolescência suicidou em 2007.

Estes são apenas fatos. Não me importo com a depressão. Ela é cíclica, genética, e sei que, qualquer hora, ela pode aparecer. Não acredito em cura. E como disse, nem me importo com isso. É simplesmente algo que tenho que conviver e, que eu me lembre, tenho crises desde os 7 anos de idade. Não suicidei e nem tem intenção de toma tal atitude. Não recrimino quem fez ou faz isso. 

Contudo, não concordo com as chamadas "tentativas de suicídio para chamar a atenção". Acredito que por mais grave que seja o problema, se o indivíduo quer chamar a atenção para si, devem existir outros meios, afinal, este tipo de "tentativa" pode acabar mal, pois a pessoa não morre e quando volta a si, os seus problemas aumentaram. Não critico ninguém porque cada um sabe "a dor de ser quem é". Esta é somente a minha opinião e não uma certeza ou uma lei que poderia servir para todos.

Quem me conhece, sabe que eu adoro a vida. Quando falo que tenho depressão, muitos acham difícil de acreditar. Para alguns, sou um "bon vivant". Não nego nem uma coisa - o amor pela vida - e nem a outra - a depressão é a principal causa de suicídio no mundo e é uma doença que eu tenho. Eu sei que as pessoas evitam estes temas: depressão, suicídio e morte. Não faço disto um drama, mas, por motivos óbvios, adoro ler e conversar sobre a morte. Gosto de obras associadas ao tema, como o filme o "Sétimo Selo" de Ingmar Bergman. Na música, gosto de "In My Time of Dying" do Led Zeppelin e "Death is Not the End" do Nick Cave. Nas artes plásticas, me impressionou muito o quadro "Guernica" de Pablo Picasso.

Em suma, a idéia da morte me fascina. Não falo do que acontece depois da morte, mas da idéia de que todos, um dia, deixaram de existir nesta vida. As várias teorias religiosas sobre o pós-morte não me interessam. São apenas teorias associadas ao conhecimento teológico, cujo critério mais importante é a fé. Acredito que isso diz tudo. Cada pessoa tem o direito de ter fé no que quiser e pronto. No meu caso, procuro me concentrar mais no que acontece durante a vida. O fato da morte ser uma certeza somente confirma a minha opção.

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