sábado, 23 de julho de 2011

PROZAC

Num episódio de "Sex and The City", Carrie apresenta um rapaz a Charlotte, dizendo que ficou com ele e que seu defeito era que, do ponto de vista sexual, ele era uma maníaco. Em seguida, Charlotte se envolveu com o rapaz, mas, para a sua decepção, não demonstrava interesse por sexo. Questionado por Charlotte, ele afirma que não era uma cara muito sexual. Ela conta o que ouviu de Carrie. Em resposta, ele afirma que aquilo era o passado, que depois que começou a tomar Prozac a sua vida mudou e ele encontrou a tranqüilidade, que nada o abalava mais.

Essa história possui um fundo de verdade. Um dos efeitos colaterais dos modernos antidepressivos é justamente afetar a vida sexual do indivíduo. Não causa impotência, mas pode inibir a ejaculação ou, parece que em alguns casos, torna as pessoas menos sexuais. Contudo, muitos pacientes - como o da história - não se importam com estes efeitos, afinal, deixam de sentir a depressão. Isso contradiz a velha associação de Freud entre eros (sexo) e vida - que entraria em contradição, em cada pessoa, com o instinto de morte.

Após a invenção da pílula anticoncepcional e o avanço do movimento feminista, vários mitos foram destruídos, entre eles, a necessidade da mulher ficar virgem até o casamento. Atualmente, homens e mulheres, no mundo ocidental, atuam em condições de igualdade no que diz respeito à problemática sexual. Exatamente nesse período, o estresse torna-se um problema para um número cada vez maior de indivíduos. O resultado é o aumento no uso de antidepressivos, como Prozac e Zoloft (esse é fabricado pela Pfizer, que produz também o Viagra...). 

Em suma, parece que nos tornamos "ratos de laboratórios": somos incentivados a consumir mais, o que nos obriga ao excesso de trabalho e isso gera o estresse, que pode ser resolvido com os novos medicamentos... Os efeitos colaterais, muitas vezes, são "resolvidos" com outros remédios... Aquilo que era básico no homem - o desejo sexual para preservar a espécie - é transformado num mecanismo de controle, ou seja, uma loira numa propaganda de cerveja, por exemplo, "serve" para despertar o desejo sexual, que o excesso de trabalho pode inibir a realização (não é por acaso que quando um indivíduo não consegue ereção, uma das justificativas seria o emprego ou a empresa) e que outra propaganda - a do Viagra - apresenta a solução. Somos usados pelas indústrias como fantoches. Não existe nada de novo nesta afirmação. Talvez a novidade seja o desinteresse pelo sexo em troca do bem-estar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.