sábado, 23 de julho de 2011

PESADELOS

Quase sempre tenho pesadelos. Eles são resultados de conflitos internos - id, ego e superego - e externos - as cobranças dos "aparelhos" sociais - família, escola, igreja, mídia, entre outros. Diante de tantas pressões e cobranças, internas e externas, como o indivíduo pode realizar os seus desejos?

Historicamente, a igreja existe para controlar os desejos humanos. São as tais regras. Como esquecer os dez mandamentos? Por outro lado, os meios de comunicação, em especial a propaganda, existem para estimular os desejos, tudo dentro de um certo padrão "civilizado", portanto, controlado. As mulheres semi-nuas em propagandas de cerveja, por exemplo, são associações óbvias entre a libido e o consumo. A edição de um jornal que passa na televisão já não aparece tão claramente ao telespectador, pois aquilo precisar parecer a representação de um fato real, de uma verdade. Indiretamente, o indivíduo é influenciado. Com isso, a intenção é estabelecer padrões de comportamento nas famílias, nas escolas e nas relações gerais da sociedade. 

Funciona? Na maioria dos casos, sim, apresenta o resultado esperado. No entanto, a relação social não funciona como a matemática. O que pode causar desequilíbrio é o instinto humano. o modelo familiar entra em crise, os alunos não respeitam os professores nas escolas e a maioria evita ir à igreja todo mundo. A sociedade, contudo, não explodiu. Isso quer dizer que as crises sociais são esperadas e toleradas, desde que estejam sob controle.

Mas, quem controla? Quem ganha com isso? A resposta é simples: num mundo material, existe um minoria de privilegiados cada vez mais rica e uma maioria que sustenta o modelo econômico sem participar dos lucros. Isso acontece no mundo inteiro. O modelo atende efetivamente uma minoria. Todos, porém, sentem os seus efeitos. Muitos acreditam que as coisas negativas só acontecem com eles e, pior, se sentem responsáveis pela própria miséria. Se o modelo é geral, a dor é individual. A maioria não consegue associar uma coisa - o capitalismo - com os seus desejos e fracassos particulares. Aqueles que conseguem, tornam-se "outsiders", ou seja, marginais, não no sentido da criminalidade, mas sim como aparecem e são mostrados na sociedade.

O indivíduo, diante da insegurança, tende a acreditar em algo abstrato: o futuro. Ele vive no presente e sonha com o futuro. Tudo vai melhorar. Não pode ficar pior que isso. Pode sim. Sempre pode piorar. Mas isso é outra história. o que importa é que "a invenção do futuro" é um mecanismo para quem deseja controlar o outro no presente. Pense na política, na religião ou, mais simples, na relação amorosa. "O futuro promete"... sim, desde que você realize o desejo do outro na hora. O futuro, neste sentido, não existe. Trata-se apenas de uma estratégia de controle do outro. Funciona, na maioria dos casos, porque, no desespero, precisamos acreditar em qualquer coisa, por mais absurda e irreal que aquela promessa possa parecer.

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