domingo, 17 de julho de 2011

O SENTIDO DA VIDA... EXISTE?????


Os meus textos não são simplesmente no estilo "meu querido diário". Entretanto, gostaria de alertar ao leitor quanto ao contexto do que será escrito: o meu coração está mutilado, cortado, em pedaços... trata-se de uma dor sem solução... mas não falarei especificamente disto.
Não é novidade para quem me conhece ou lê os meus textos, que tenho depressão. Com ela, aprendi a conviver com o tema da morte, mais do que isso, com o desejo da morte.
Temos a tendência a acreditar que somos imortais. Evitamos pensar na morte e principalmente em nossa própria morte. Isso é alterado quando nos deparamos com a morte de uma pessoa próxima. Freud destacava esse fato:
"Ocorreu quando o homem primevo viu morrer alguém que lhe pertencia - a esposa, o filho, o amigo - a quem indubitavelmente ele amava como amamos os nossos, já que o amor pode ser mais jovem do que a volúpia de matar. Então, em sua dor, foi forçado a aprender que cada um de nós pode morrer e todo o seu ser revoltou-se contra a admissão desse fato, pois cada um desses amados era, afinal de contas, uma parte de seu próprio eu amado." (Volume XIV - Nossa atitude para com a morte)
A minha mãe morreu em 1995. Na época, havia só dor. Hoje, racionalmente (no lado emocional, a dor permanece), acredito que a pessoa tem o direito de morrer. No caso da minha mãe, vivemos uma relação intensa, tenho muitos sonhos com ela e não me arrependo do tipo de relação que tivemos. Era amor. É amor.
Digo isso, pois me interessa viver plenamente com as pessoas quando elas estão vivas, participando do meu cotidiano. Não guardo fotos da minha mãe. Não preciso de fotos para lembrar dela, assim como não precisava dizer que a amava. Era claro para ela e para todos da minha família.
Em outras palavras, não sou daqueles mineiros, como diria Otto Lara Rezende, "só solidários no câncer." Nem sou daqueles que desrespeitam a pessoa em vida e faz elogios para ela depois de morte. Talvez eu não seja como a maioria tratada por Freud:
"a consideração pelos mortos que, afinal, não mais necessitam dela, é mais importante para nós que a verdade e certamente, para a maioria de nós, do que a consideração pelos vivos." (Freud)
Não sou assim. Eu sei que não existe "replay" na vida e, portanto, vivo cada momento como se fosse o último, sendo ético e fiel as minhas crenças. Penso antes para não arrepender depois.
Já me falaram que "vivo de passado". Isso não é verdade. Eu não tenho medo do meu passado, é diferente. Não tenho medo pois quando vivo o presente, sei que aquele momento é único, e ser for prazeroso, vivo isso intensamente, porque sei que ele ficará "tatuado na minha alma".
Isso me lembra um pequeno texto que publiquei uma vez na internet, com o título de: "filosofia de bar - existência":
"O que caracteriza um indivíduo é a sua incapacidade de lidar com a existência. Ele não nasce, ele é jogado na vida (John D. Biroc) sem saber o por quê. Sabe que morre e só. Deixa de existir? Existia antes? Ele nada sabe sobre a vida. Mas, nas suas relações sociais, incomoda e marca os outros, de maneira consciente ou não. Assim, vive 'nos outros'Perde, portanto, o controle de sua vida, pois ela passa a "estar" na memória dos outros. Nesta perspectiva, nem o próprio indivíduo com o suicídio poderia destruir a si mesmo."
Sei que isso pode parecer uma fuga diante da falta de sentido da vida. Não me importo. Atualmente, é assim que eu penso.

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