sábado, 23 de julho de 2011

OSTENTAÇÃO

Está escrito, na Bíblia, que "é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no céu." Até a Idade Média, a usura era pecado. (Não cabe aqui discutir a própria riqueza da Igreja Católica, pois isso seria outro assunto.) Na Grécia Antiga, a simplicidade era uma qualidade. O que mudou? Os valores no capitalismo seriam outros. A Reforma Protestante foi, de certa forma, uma "adequação" dos princípios cristãos ao novo modo de produção. Ser rico passou a ser percebido como algo bom. Mais do que isso, passou a ser encorajado. Ser pobre, sofrer e esperar a recompensa após a morte, no paraíso, deixou de ser a palavra de ordem da sociedade.

Na Idade Média, os nobres cultivam o ócio - como os cidadãos na Grécia Antiga. Os burgueses enalteciam o trabalho, apesar de serem os patrões e, portanto, mandar em quem verdadeiramente labutava: o proletariado. Os burgueses eram mal vistos pelos nobres, possuindo tendo o poder econômico. Características com a avareza ou a ostentação eram desprezadas pela nobreza.

Com o tempo, a nobreza tornou-se uma classe em extinção. Entre os burgueses, os detentores do capital, aqueles 10 % da população, assumiram uma postura mais discreta, mesmo considerando as suas grandes fortunas. Coube ao chamado "novo rico" apelar para a ostentação - e o conseqüente desprezo daqueles que tinha mais dinheiro que eles. 

A ostentação é identificada, primeiro, pelo carro: tem que ser grande, importado e, se possível, vermelho. Não importa de veio de contra-bando. Não importa nem se é uma Ferrari original. O que vale é mostrar para os outros. Muitos, contrariados, compram carros grandes, mas nacionais, e em infinitas parcelas. O objetivo, claro, seria o mesmo: desfilar e aparecer para a sociedade. Outros têm que escolher entre ter um imóvel próprio ou um carro da moda. O dinheiro do "novo rico" nem sempre dá para possuir as duas coisas. Neste caso, a escolha recaí sobre o carro, pois, com ele, você é visto. 

O "novo rico" acha que engana. Acredita que é reconhecido como "rico", por causa do carro ou de suas jóias, que sempre ficam à mostra. Na realidade, isso não acontece. Os tais ricos mesmo - 10 % da população - não dão a mínima para esses que se acham em ascensão. Os mais pobres também não acreditam, acham graça ou fazem piadas das roupas, plásticas e jóias; mas não desprezam as boas gorjetas dadas pelos "novos ricos" e, nesse momento, obviamente, fingem que acreditam em toda aquela encenação.

Não existe defesa da ostentação de riqueza. Nada justifica tal mal gosto. Então, por quê ela acontece? Provavelmente por insegurança, pela necessidade de buscar a aprovação do outro. Seja qual for o motivo, ela é equivocada. Nada justifica tal mal gosto.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.