domingo, 3 de julho de 2011

VOYEUR

Atualmente, fico meio constrangido quando aparecem cenas de sexo na televisão. Acredito que, assim como nos filmes, a maioria não seria necessária. Tais cenas funcionam como a garota de biquíni nas propagandas de cerveja, de carro ou qualquer outro produto.
Quando vejo este tipo de cena, penso logo na iluminação, na fotografia, na performance dos atores, enfim, como teria sido possível produzir aquilo.
Existem cenas de sexo que são necessárias no contexto da história. Mas elas podem desviar a atenção do indivíduo. Não pretendo discutir a qualidade, mas quero citar dois filmes: "Império dos Sentidos" e "Calígula". Um trata dos excessos de uma paixão, o outro mostra o poder de um tirano. No entanto, quando estes filmes passaram nos cinemas, as pessoas comentavam somente as cenas de sexo (que deveriam ser secundárias para compreender as histórias).
Não é uma afirmação nova, mas, no mundo ocidental, sexo nunca é só sexo, ou seja, é negócio, é chantagem, serve para vender produtos, entre outras coisas. É mais um discurso de controle, para citar Foucault, do que algo real. Aquele velho instinto animal tornou-se uma produção na qual os atores representam um prazer - mesmo em cenas de sexo explícito - e o indivíduo tenta se colocar na posição de "voyeur".  

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