segunda-feira, 18 de julho de 2011

MÃES MÁS

Ultimamente, é comum ver mães jogando os seus bebês no lixo ou abandonado-os nas margens de córregos ou em ruas escuras e de pouco movimento.
São atos extremos que desmistificam a imagem de bondade associada à figura da mãe. Estela Welldon aponta para "as dificuldades em reconhecer que as mães podem abusar de seu poder." (Sadomasoquismo, RJ: Relume Dumará, 2005, p. 25) 
A violência doméstica não é feita só pelo homem. No entanto, admitir a violência realizada por uma mãe contra o filho parece complicado numa sociedade que procura rotular os papéis desempenhados por seus agentes: há o bom e existe o mal; o homem seria o opressor e a mulher seria a vítima; o favelado seria um marginal; e assim por diante. Há uma negação da complexidade do ser humano, que comporta em si mesmo qualidades e defeitos. 
Negar tal complexidade tem uma função ideológica, de alienar as pessoas. Mas os fatos derrubam facilmente os rótulos. A maioria se mostra chocada com a realidade e busca a culpa no outro: "aquela mãe" (só ela) é um monstro ou a droga - especialmente o "crack" - é responsável por essa situação. Não existe auto-crítica. 
Bastaria, nesta perspectiva, transformar tais atos em casos de polícia. O problema é quando o que era algo isolado torna-se uma coisa comum, quando aquela violência que só aparecia na televisão, acontece na casa do seu vizinho. Procuram-se novos culpados: as leis protegem os bandidos! Mas aquele aposentado que violentou a neta não tem ficha na polícia e até então era tido como um velhinho dócil e de confiança... Sim, tudo fica mais confuso na medida em que existe uma recusa de ver a realidade. Insistir na alienação não resolve o problema e não disfarça o mal-estar sentido por cada pessoa que, no fundo, se sente co-responsável pelo que é feito em nome da sociedade.

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