sábado, 23 de julho de 2011

SAIR NO INTERIOR

Eu sou da época que não existia "axé music". Havia, principalmente, MPB, samba, música caipira e rock. Eu preferia o último tipo de música, mas gostava do Sambão do Med's que acontecia toda sexta-feira aqui em Uberlândia. Na segunda metade da década de 1970, começaram as festas ao som da música "disco" no Cajubá. Os shows eram com artistas da MPB, como Toquinho & Vinícus, Elis Regina, Caetano Veloso, Gal Gosta, entre outros.

Nos anos 1980, houve a "explosão" do rock brasileiro, simbolizada pelo grupo RPM. O rock virou moda e todos passaram a gostar deste estilo musical. Bom por uma lado, o sucesso, ruim por outro, o fato de ser só uma "moda" havia atraído pessoas que realmente não se identificavam com tal estilo. 

Como toda moda, o rock também passou rápido e deu lugar para o "novo": a música sertaneja. Não se consideravam "caipiras", pois eram duplas jovens com corte de cabelo idêntico ao dos músicos do RPM. Obviamente, a massa que curtia o rock mudou para o sertanejo. A mídia, claro, influenciou bastante nesta mudança. A alienação geral das pessoas ajudou a concretizar a transformação...

Depois, vieram outras modas: os grupos de pagode - com músicos de brinco e cabelo na moda, diferentes, portanto, dos velhos sambistas - e ainda as bandas de "axé music" - que conseguiram mudar um fenômeno local (da Bahia) para nacional e que acontecia só numa época do ano (no carnaval) para ocorrer durante todo o ano, nos chamados carnavais fora de época.

Com o sertanejo, o pagode e o "axé", as massas populares teriam o que queriam: música superficial; letras fáceis, óbvias e vulgares; e coreografias que mudavam de acordo com a música - parece que a dança tentava traduzir, com gestos, as letras das músicas.

O resultado pôde ser percebido no Triângulo Music 2010. Os "headliners" do festival foram duas duplas sertanejas seguidas por duas cantoras de "axé music". Nem os lugares que representariam a tradição das antigas "discotheques" - Lounge, Vitorios e Hits, por exemplo - resistiram à moda dos três segmentos musicais.

Em suma, sair na noite de Uberlândia não é fácil. Ainda bem que existem as bebidas alcoólicas, que tornam tudo mais suportável.  

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