domingo, 12 de junho de 2011

A CASA CAIU ?

É comum ver uma pessoa que mora num bairro popular, na periferia, paga aluguel, mas usa roupas de marcas famosas e dirige um carro novo e importado. Muitas vezes, esse carro é vermelho
O que significa isso? Ela finge para os outros que é milionária. O vermelho chama a atenção - não é por acaso que tornou-se a cor oficial da Ferrari, símbolo de status. 
O carro e as roupas de marca produzem uma imagem do indivíduo. Se ele for a um bar, por exemplo, é isso que os outros vão ver.
Aparentemente, para este tipo de pessoa, morar na periferia e pagar aluguel não seria um problema, pois os outros não teriam acesso a essa imagem.
Por quê? Qual seria o sentido de deixar de se alimentar para colocar gasolina no carro? Fingir para quem? Para o outro ou para si mesmo? Para quê?
Tentar convencer o outro seria uma forma de tentar convencer a si mesmo? Talvez. Mas, convencer de quê? Convencer que o indivíduo é um milionário é admitir, no ato, que ele não é milionário. Convencer o outro disto não é convencer, é enganar. Assim, enganar o outro representa uma tentativa de enganar a si mesmo.
Por quê? A pessoa finge quando algo a incomoda - no exemplo, o fato de ser pobre. Inventar uma imagem é uma forma de fugir do problema. Trata-se de uma recusa de refletir sobre a sua própria condição.
No fundo, é um exercício de alienação e como tal seria como construir um castelo de cartas: qualquer movimento pode desmascarar a fantasia. Isso seria representado pela expressão popular "a casa caiu", ou seja, os outros não acreditam e se recusam a participar da sua ilusão. Isso coloca o indivíduo diante de si mesmo, que era o que ele tanto temia. Não há mais como fugir, ou ele reflete sobre a condição humana e assume a dor de sua existência ou insiste sozinho na velha fantasia, acreditando, sozinho, que ela seria a realidade - o nome disto é loucura.

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