quarta-feira, 15 de junho de 2011

HANK E A CRISE DA MEIA IDADE

"Californication" é um termo criado pelo grupo Red Hot Chili Peppers. É também o nome de uma série, estrelada por David Duchovny - que, antes, trabalhou em "X-File". O seu personagem chama-se Hank e é um escritor em crise. Nada original... Trata-se de um modelo "clássico": não consegue escrever, fuma muito, bebe, tem casos com muitas garotas, é divorciado e tem uma filha adolescente. Todos os elementos juntos poderiam contribuir para uma boa história. 
Gosto do "piloto" da série. A cena inicial do sonho erótico numa igreja ao som dos Rolling Stones - "you can't get always what you wants" - é muito interessante e mostra as contradições que o personagem deve enfrentar. Quando ele acorda, outro conflito: um velho escritor tendo uma caso com uma garota bem mais nova, sendo capaz de levá-la ao orgasmo, coisa que o seu jovem marido não consegue. A cena "real" poderia estar na categoria dos sonhos do personagem, na medida em que é, na verdade, simplesmente uma fantasia da maioria dos homens mais velhos. 
Ter caso com mulher casada pode tornar-se um problema, mas existe algo pior para o homem: envolver-se sexualmente com uma garota com menos de 18 anos. É o que Hank faz em seguida. Para piorar, a menina é filha do noivo de sua esposa.
Aparece ainda o conflito de um livro que virou filme. Os títulos do livro - "God Hate Us All" (aqui existe outra associação ao rock n' roll, agora com a banda Slayer) - e do filme - "A Crazy Thing Called Love" (nome de uma música do Queen...) - mostram em si uma contradição entre "ódio" e "amor", o que seria confirmado por Hank.
Álcool, topless, cigarros, velho escritor em crise, barba mal feita, dirigindo uma carro conversível na Califórnia... Existem ainda referências ao rock, sem aparecer de maneira explícita no roteiro. Uma festa mostrada no primeiro episódio, regada à sexo - inclusive com cena de "menage à trois" - bebidas e drogas, é tratada como um universo freqüentado pela filha. Com o aviso da mãe, o pai - aqui fazendo um papel de "conservador" - a retira da festa, utilizando a "força" e não a "conversa". Parece existir um conflito com uma cena anterior, quando Hank aceita, ironicamente, o que poderia ser a homossexualidade da filha.
Todas problemáticas estão no primeiro episódio. Nada mal. Infelizmente, o ritmo, nos capítulos seguintes, não foi mantido. Em suma, é uma série que vale por seu "piloto". Ou seja, nem sempre boas idéias apresentam resultados satisfatórios. Acontece.   

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