terça-feira, 7 de junho de 2011

VIAGRA E HEAVY METAL


Antigamente (... início de conversa de velho), a Embratur possuía uma programa específico para a "terceira idade". Depois, o programa mudou o nome para a "maior idade". E, finalmente, antes de ser extinto, os termos utilizados eram "melhor idade". Numa sociedade em que se cultua "o jovem", parece pejorativo admitir a velhice - como se idade fosse categoria ou classe social: nobres e servos ou jovens e velhos. Usei o exemplo da Idade Média para mostrar o que está por trás desta idéia: a idade não é percebida como um processo e sim mostrada como blocos estanques, como se o jovem não fosse virar velho um dia...
O Mick Jagger uma vez ficou irritado pois o repórter da Globo perguntou sobre as suas plásticas. É um jogo. Não adianta parecer jovem, tem que acreditar nisto. Quem me conhece - ou foi meu aluno - sabe que eu não escondia a aliança quando era casado e muito menos me recusava a falar da minha idade: nasci em 1961, século passado, tenho, portanto, 50 anos. 
O fato de gostar de heavy metal e, por exemplo, ter assistido AC / DC, Megadeth e Metallica, ao vivo, duas vezes (em diferentes anos e ocasiões) causava estranheza nos meus estudantes. Afinal, o professor não era velho? Depois de divorciado, ir em raves, shows, boites e bares ainda gerava alguma desconfiança. Quando comecei a ficar ou namorar com garotas algumas décadas mais novas, claro, achavam um absurdo. Nos namoros, eu conversava com os pais das meninas - que não achavam a "melhor idéia", mas também não proibiam a relação. No caso das ficantes, a maioria foi "one night stand", ou seja, como todo mundo, aconteceu, ficou ali e pronto.
Raspo semanalmente a cabeça. Adquiri um novo hábito... Muita gente não gostou do meu "novo" visual. Tudo bem. A maioria não gostava do visual anterior também. Pelas minhas atitudes, pode se perceber que, apesar de respeitar a opinião de todos, não estou muito preocupado com o que dizem a meu respeito. Muitos falam mal de mim, como falam das outras pessoas. Em termos de fofocas, não me sinto diferente, pois todo mundo fala mal (e/ou bem) de todo mundo.
Voltando a velhice... 
Um outro tabu dos velhos é o Viagra. Uma vez li algo que dizia que o remédio proporcionaria uma "ereção artificial". Era uma playmate "dissidente" criticando as noitadas do criador da Playboy, Hugh Hefner. Isso me levou a questionar: se uma moça - sim, uma virgem - faz sexo com um homem, o fato da ereção dele ser "natural" ou "artificial" mudaria alguma coisa? Ela não deixaria de ser virgem? Eu sei que não foi o melhor exemplo - afinal, ela poderia perder a virgindade sem a participação de um órgão sexual masculino -, mas foi o que me ocorreu agora e acredito que tenha ficado claro o que eu queria dizer.
Obviamente, o Viagra não é natural. Mas, por outro lado, o uso de recursos como plásticas, botox e silicone, não deixa a mulher mais "natural", o que não significa que ela, depois de tanto "investimento", não tenha se tornado atraente aos olhos dos homens. Em outras palavras, depois de civilizado, sobrou pouco da "velha" natureza no homem, seja do ponto de vista tanto do seu corpo como da sua mente.
Ah, ainda não tomei Viagra e nem comecei a participar dos bailes ou das excursões do SESC. Acredito que não deve demorar muito para que (1) os bailes tornem-se raves (uma ambulância sempre fica de plantão nas festas da juventude... imagino que no caso da terceira idade, uma só não daria para resolver todos os problemas da noite) e que (2) as excursões sejam organizadas em função de shows de heavy metal em São Paulo. Pensando por esse lado, ficar mais velho pode não ser tão ruim como parece. 

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