domingo, 5 de junho de 2011

MORAR COM OS PAIS*

* Este texto foi publicado anteriormente em: http://profelipe.weebly.com/ 
Nos filmes e seriados dos Estados Unidos, é passada a imagem de que morar com os pais depois da faculdade seria um sinal de fracasso. Seria o famoso, por lá, "loser". Ou você casa ou mora sozinho. É simples. 
Aqui no Brasil, parece ser diferente. Uma vez vi um depoimento de um carioca, na praia, que se orgulhava de nunca ter trabalhado na vida. Eram 25 ou sei lá quantos anos de praia. Literalmente. 
Existem os casos das meninas que ficam grávidas, não casam e continuam morando com os pais. Os avós tornam-se pais novamente. Existem ainda aqueles que casam e vão morar "provisoriamente" com os pais. 
Existem aquelas que, antigamente, eram chamadas de "solteironas", pois não conseguiam casar e nunca saiam da casa dos pais. O caso oposto é do rapaz que não quer casar e não quer sair da casa dos pais. Afinal, largar as mordomias - roupa passada e lavada, sem pagar aluguel, telefone, energia e água - para quê? Neste caso, ele diz que está cuidando do pai e da mãe. Lembra um pouco um tipo de faculdade no Brasil. Faculdade particular, cobra mensalidades, altos lucros e aparece como "mantenedora" da instituição (e o  não o contrário). Irônico.
A questão de sair ou não da casa dos pais é um tema importante na medida em que está associado ao problema da independência do indivíduo. Seus pais podem deixar você dormir com seu parceiro (a) no seu quarto, sem problemas. Entretanto, você ainda vive num "quarto". Esse é o seu espaço. Fora dele, você não tem autonomia. Imagine passar a vida inteira assim? Lembra um pouco a prisão. A pessoa é condenada e tem que limitar toda a sua vida àquele pequeno espaço.
Ser independente é bom, mas é caro e você tem que lidar com um monte de coisas chatas que nem imaginava que existia, afinal, seus pais resolviam esses problemas. Qual seria o caminho, então? Um  adolescente responderia rápido: simples, basta casar com uma pessoa rica e sair de casa. OK, porém, você estaria "transferindo" a sua dependência dos seus pais para o seu marido ou sua esposa. Esse é um bom negócio para seu pai e sua mãe, que, finalmente, se livrariam de você. No seu caso, contudo, mudaria pouca coisa. Mudaria o dono, basicamente.
Qual seria a solução? Se você tem mais de 25  anos, você já fez a sua escolha, basta ver onde você mora e quem manda efetivamente na casa. A possibilidade de você mudar de vida é mínima. Continuará assim. É mais cômodo. Portanto, qual seria o problema? Aqui entra o seu futuro namorado ou a sua futura namorada. Como ele (a) fica diante disto? O seu problema passa a ser inventar promessas que nunca serão cumpridas. O problema do outro (a) vem associado a uma velha pergunta: "como vim parar nessa situação?" De imediato, no entanto, a questão seria o café da manhã, feito com todo carinho pelo pai e mãe ou pelo sogro e a sogra. Deprimente. 

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