terça-feira, 7 de junho de 2011

JUVENTUDE II - "ALT UND JUNG"

Utilizando uma foto de um filme que aparece como casal Jack Nicholson e Amanda Peet (o velho e a jovem - "Alt und Jung"), a Playboy alemã destaca que a maioria, naquele país, considera esse tipo de casal "normal". A foto é usada como ilustração desta idéia, ou seja, o roteiro do filme não é analisado. Nele, existe outro casal - Diane Keaton e Keanee Reeves -, que representaria exatamente o contrário: uma mulher mais velha e um rapaz novo. Se a pessoa não assistir o filme, ela poderá imaginar que ele confirmaria a hipótese inicial, quando acontece o oposto. Trata-se de um mecanismo usado, incorretamente, por um meio de comunicação de massa. Em outras palavras, o machismo ainda é evidente no mundo ocidental. Além disto, existe uma valorização da juventude.
Os executivos, em sua maioria, são homens. Isso explica, em parte, a chamada faixa etária produtiva entre os 20 e 40 anos. Os homens preferem a juventude, pois ela tem o que eles já perderam: muita energia e ingenuidade. Os homens, sobretudo os mais velhos, gostam de garotas jovens. Com o poder do dinheiro e da inteligência - a maioria formou-se há décadas -, eles sentem-se privilegiados diante de garotas cheias de sonhos e sem experiências. Como diria aquele velho executivo de São Paulo, quando indagado se não se sentia desconfortável em sair com moças que só queriam o seu dinheiro: "ainda bem que é assim, pois o que eu tenho é dinheiro mesmo" (e não saúde, beleza ou juventude).
Na empresa, a valorização do jovem segue essa linha de raciocínio. Corinne Maier lembra: 
"o jovem, que injeta sangue novo na estrutura, é forçosamente a gema preciosa de uma firma (...) O 'jovem', cujo mérito é não acumular pneus em torno da cintura e usar terno-e-gravata sem a intrusão de gordurinhas inconvenientes, entra no mundo do trabalho de nariz empinado. Ele acha que as palavras 'proativo' e 'benchmarketing' significam alguma coisa, pensa que o sacrossanto comando 'Seja Autônomo!' deve ser levado ao pé da letra, espera ver seus méritos reconhecidos e quer... que o adoremos. Ah, a juventude!"   
Dificilmente, o jovem acredita que ele não tenha "poderes". Ele acredita que pode tudo, que realizará todos os seus sonhos. Ele enxerga todas as pessoas como instrumentos do seu prazer. Tudo deve girar em torno dele. A auto-crítica não existe para a maioria. Não era para ser diferente, na medida em que ele é bajulado na empresa e nas relações amorosas. Ele acredita que tem "o" poder e, pior, acredita que será sempre assim. Como diria a Corinne Maier na citação anterior: "Ah, a juventude!"
Alguns podem questionar se eu não era assim quando tinha 20 anos. A resposta é sim. Contudo, com o tempo e a experiência, resolvi planejar o meu futuro. Sim, eu acreditei que isso seria possível também... Só depois percebi que não se passa dos 40 anos sem graves crises: divórcio, falência, desemprego ou a morte de alguém que era fundamental na sua vida (normalmente, uma pessoa da família).
Diante de tudo isso, para não escolher alternativas negativas - como alcoolismo, loucura, drogas, suicídio ou mesmo presídios ou asilos -, a minha sugestão seria: aproveite a sua  faixa etária produtiva para comprar um lugar seu - casa ou apartamento. Em uma entrevista para a revista Trip, o cartunista Angeli deu um depoimento interessante: 
"este apartamento é alugado. Comecei a me preocupar com isso recentemente. (...) Não quero ficar velho e não ter nada. (...) [Hoje] acho que poderia ganhar mais... O que não posso é trabalha mais. Trabalho no limite, faço muita coisa. Durmo pouco, umas quatro horas por noite."
É isso. Talvez a minha sugestão e o depoimento sirvam para alguma coisa.

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