sábado, 25 de junho de 2011

TRAGÉDIAS COLETIVAS E INDIVIDUAIS


Após a "tsumani", houve um aumento no número de casamentos. Parece que após uma tragédia nacional, as pessoas se dão conta da limitação da vida e procuram realizar os projetos que antes adiavam.
Em outras palavras, a vida é imprevisível e de uma hora para outra o indivíduo deixa de existir.
O tempo foi um invenção do homem, como forma de estabelecer um planejamento para a sua vida. A duração do ano e dos dias foi criada a partir do olhar do homem para o céu, ou seja, percebendo os movimentos do planeta sobre si mesmo e diante do sol, olhando a localização das estrelas, ele construiu os calendários, conseguindo prever as épocas de frio e calor. Tentou ir além, e prever os acontecimentos da vida no planeta, mas falhou.
Com o conhecimento e a tecnologia existentes em 2011, as catástrofes da natureza ainda surpreendem o homem, resultando em milhares de mortos.
O homem, diante da fragilidade da vida e da insignificância do ser humano, procura fazer algo que lembre que ele tem algum poder sobre o próprio destino. É um ato de desespero.
As tragédias coletivas, produzidas pela natureza ou pelo homem, como as guerras - têm o poder de lembrar que viver significa nascer para morrer. O que indivíduo tenta esquecer - a possibilidade do fim, da morte -aparece em todos os noticiários. Não há como fugir.
Antecipar decisões importantes - como o casamento - aparece como uma maneira de "antecipar a vida". Como o fim é uma certeza, trata-se de viver o máximo possível antes da chegada da morte - é ela que aparece nos noticiários, é ela que lembra o homem de sua temporalidade.
Na crise da meia idade, muitos que viveram os excessos dos "prazeres carnais", tornam-se pessoas religiosas. Lembrar da existência da morte (por causa da idade ou das tragédias naturais e sociais) leva o indivíduo a atitudes inesperadas. A crença em fantasias como verdades absolutas está associada a busca de algo que não existe: uma segurança de que tudo dará certo.
É isso. Não existe "a" resposta. O futuro é uma invenção. As tragédias, coletivas ou individuais, pelo menos obrigam as pessoas a refletir sobre a existência. Não chegarão a lugar algum, mas refletir sobre si mesmo já é alguma coisa.

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