terça-feira, 7 de junho de 2011

FELICIDADE E SOLIDARIEDADE


Em uma crônica, João Ubaldo Ribeiro pensa sobre quanto anos ainda restariam para ele viver. Eu colocaria o problema de outra forma: o que você fez com o seu tempo antes de morrer? Se você teve uma ataque do coração, provavelmente estava estressado, trabalhando muito ou preocupado demais com as coisas do cotidiano. E a sua vida? O seu prazer? 
Tenho a sensação de que nascemos e ao longo da vida, as várias experiências que experimentamos seriam uma espécie de aprendizado para saber o que seria importante ou não, para quando chegarmos mais adiante, podermos usufruir o que nos é oferecido de melhor neste mundo. Depois, vem a morte, claro. No entanto, ela não apareceria como algo assustador e nem você ficaria tão apegado a esse mundo que morrer seria um mal negócio (apesar de você saber que não existe outra saída para tal momento).
A morte irrita as pessoas. É interessante. Não apenas o que seria uma recusa da "sua" morte, mas também no que se refere a morte do outro. Somos egoístas: como ele foi capaz de morrer e nos deixar? O que vale é sempre a "nossa" perspectiva. Quem sabe não seria a morte não seria o melhor para aquela pessoa. Não falo de suicídio, falo de morte natural. Acontece. Ficamos tristes, claro. Contudo, seria possível pensar na perspectiva do outro, por um só momento?
Muitas pessoas têm medo de morrer. Bobagem. Com medo ou sem, vão morrer do mesmo jeito. A morte aparece como algo no "futuro", o indivíduo sente medo no "presente" em virtude do que ele fez no "passado". A consciência pesada não resolve os erros do passado. A falta de consciência dos próprios atos não significa inocência. A alienação é uma opção.
Alguém disse que você deveria viver o seu momento como se ele fosse o último da sua vida. Está certo. O problema não é a morte. Ela é uma certeza. Não existe debate sobre isso. A questão é a vida. Sim, o que você faz dela, como, para usar outra expressão, você "habita" o seu tempo? Ser feliz. Ser solidário. Não são respostas, mas, para refletir, são duas temáticas interessantes.

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