quarta-feira, 22 de junho de 2011

SER REJEITADO

Paquerar é lidar com a possibilidade de ser rejeitado. Todo mundo passa a imagem de que a conquista seria um processo fácil, mas não é... De fato, paquerar e ser rejeitado são quase sinônimos. Existe uma lenda que afirma que em dez tentativas, o indivíduo acertaria uma. Isso para os otimistas, claro.
As mulheres são educadas para dizer "não". Rejeitar mais do que um jogo, parece ser um teste de sobrevivência para elas. São especialistas. Algumas mais, outras menos.
São várias as técnicas utilizadas. A primeira - e mais importante - é o olhar. A maneira que ela olha o rapaz pode levá-lo a desistir na hora. Em casos extremos, ele pode abandonar, desiludido, a festa imediatamente.
Outra tática deixar o homem falando sozinho ou, no caso das educadas, pedir licença e desaparecer no meio da multidão. É comum, no meio da conversa, ela ficar olhando o relógio ou bocejar. A amiga é uma aliada neste momento, pois aparece do nada e diz que alguém quer falar com ela. Isso pode ser feito com o celular.
Ser rejeitado é ser humilhado. Não dá para negar. A sensação é péssima. O sentimento de fracasso é claro. Talvez por isso, antes de começar as investidas, muitas rapazes bebem (muito). Dizem que é para "dar coragem". Sim, pois parece que vão para um batalha e a chance de derrota é considerável.
Alguns preferem enfrentar uma briga do que uma rejeição. Aliás, uma coisa pode levar a outra. É comum depois de várias rejeições e "não pegar nada na noite", os indivíduos passem a mexer com as namoradas dos outros, visando não a conquista, mas a briga. Querem desabafar. Querem aliviar aquela sensação de derrota. Se não podem provar a masculinidade na conquista, a conquistarão na luta com o outro. Patético.
Os mais novos são mais ousados na paquera. São ingênuos. Pela idade, foram rejeitados poucas vezes (se comparados com os mais velhos). Acreditam que o carro, o anabolizante, a camiseta pólo e o cabelo da moda garantirão a conquista. Além do mais, eles são "jovens" e entre eles e os "velhos", naturalmente elas ficariam com eles. Por isso, quando perdem para um "velho" dizem logo que aquele senhor ficou com a garota pois tem dinheiro - se recusam a admitir a derrota e a possibilidade de que, para a garota, uma pessoa culta e educada pode ser mais interessante do que um menino inexperiente e convencido.
Os mais velhos não investem diretamente na paquera. Não querem se expor. Reconhecem que não é fácil concorrer, neste nível (que a aparência é fundamental), com os mais jovens. Por tudo isso, tendem a ser discretos. Existem exceções, aqueles que acreditam que ainda têm 20 anos ou que usando correntes de ouro e dando sinais de riqueza garantiram a sedução das mulheres mais jovens. Pode funcionar. Mas no geral, essas exceções tornam-se motivo de piada na vida noturna.
Em suma, paquerar faz parte do jogo do conquista. O difícil é entender os sinais deste jogo, quando as palavras têm sentido ambíguo - um "não" pode ser "talvez" ou "sim" ou realmente "não" - e os olhares, os toques e os gestos dizem muito sem a pessoa deixar explícito o que realmente deseja. É um jogo de paciência, de acerto e erro. É um jogo dissimulado. É, sobretudo, um jogo de poder. Assim, ser rejeitado representa o outro lado do poder, é sinônimo de derrota, de dor e de humilhação. Faz parte do jogo, mas não é agradável.    

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